“ Brincar não é perder
tempo, é ganhá-lo. É triste ter meninos sem escola, mas mais triste é vê-los
enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a
formação humana.”
Carlos Drummond de Andrade
Quando o brincar é coisa séria
I- Introdução
Quando falamos em brincar logo pensamos
em crianças, já que as brincadeiras são suas atividades naturais, sendo também
um meio muito rico de comunicação com o mundo externo. A brincadeira nunca é
somente uma brincadeira é também sempre uma aprendizagem.
A aprendizagem pela brincadeira se dá quando
a criança tem oportunidade de ao brincar criar, explorar, destruir, fantasiar e
construir sua própria história.
Assim como para o adulto a comunicação se dá
através da linguagem falada, a comunicação da criança é feita através das
brincadeiras, permitindo a reprodução de situações do dia - a - dia.
Outro
fator importante para se brincar está no vínculo que é criado entre as crianças
e seus pais, facilitando o diálogo que é fundamental entre eles durante toda a
vida.
Brincando
a criança poderá usar e explorar sua criatividade, sua raiva, seu medo, alegria
e ter relacionamentos mais saudáveis, diminuindo a probabilidade de
dificuldades no futuro.
Também
permite que a criança reconheça o outro, aprenda as regras que terá de praticar
durante sua vida, descobre sua personalidade, aprende a viver em sociedade e se
prepara para as funções que assumirá na vida adulta.
Se o
brincar é tão importante no desenvolvimento da criança, é também fundamental
para o desenvolvimento da linguagem e da fala. A adequada aquisição e
desenvolvimento da comunicação depende de vários fatores entre eles: o
biológico, o afetivo e o social.
II- A importância do lúdico na aprendizagem
Pedagogos
e psicólogos estão de acordo em que o jogo infantil é uma atividade física e
mental que favorece tanto o desenvolvimento pessoal como a sociabilidade, de
forma integral e harmoniosa. A criança evolui com o jogo e o jogo da criança
vai evoluindo paralelamente ao seu desenvolvimento, ou melhor dizendo,
integrado ao seu desenvolvimento.
Independente
da época, cultura e classe social, os jogos e os brinquedos fazem parte da vida
da criança, pois elas vivem num mundo de fantasia, de encantamento, de alegria,
de sonhos, onde realidade e faz-de-conta se confundem.
O
jogo está na gênese do pensamento, da descoberta de si mesmo, da possibilidade
de experimentar, de criar e de transformar o mundo.
O
caráter de ficção é um dos elementos constitutivos do jogo e, é um modo de
expressão de grande importância, pois também pode ser entendido como um modo de
comunicação em que a criança expressa os aspectos mais íntimos de sua
personalidade e sua tentativa de interagir com o mundo adulto.
Pelo
jogo as crianças exploram os objetos que os cercam, melhoram sua agilidade
física, experimentam seus sentidos, e desenvolvem seu pensamento. Algumas vezes
o realizarão sozinhos, em outras, na companhia de outras crianças,
desenvolvendo também o comportamento em grupo. Podemos
dizer que aprendem a conhecer a si próprios, ao mundo que os rodeia e aos
demais. Tanto meninos quanto meninas expressam através de seus jogos grande
parte dos usos e relações sociais que conhecem. O jogo é, sinal, um meio
extraordinário para a formação da identidade e a diferenciação pessoal.
Portanto,
o brincar é uma atividade lúdica que engaja as emoções, o intelecto, a cultura
e o comportamento e é de grande importância que os professores compreendam e
utilizem o jogo como recurso privilegiado de sua intervenção educativa.
Piaget
(1951) vê o brincar das crianças como um modo de aprender a respeito de objetos
novos e complexos, um modo de considerar e ampliar conceitos e habilidades, e
um modo de integrar o pensamento com as ações. A maneira pela qual as crianças
brincam em cada ocasião depende de seu estágio de desenvolvimento cognitivo.
Piaget
classificou os jogos em 3 tipos:
1-
jogo sensório-motor, em que a criança procura dominar uma habilidade e, então,
a repete por simples prazer (0 – 2 anos);
2-
jogo simbólico, em que a criança “faz-de-conta” usando objetos como símbolos de
outras coisas (2 – 6 anos);
3-
jogos com regras, em que uma modificação das regras muda a natureza do jogo.
Frequentemente implicam a participação de grupos (6 anos ou mais).
De
acordo com Thorndike (em Kimble, 1961), brincar é um aprendizado. A infância é,
portanto, a aprendizagem necessária à idade adulta. Estudar na infância somente
o crescimento, o desenvolvimento das funções, sem se considerar o brinquedo,
seria negligenciar esse impulso irresistível pelo qual a criança modela sua
própria estátua. Não se pode dizer de uma criança “que ela cresceu” apenas,
seria preciso dizer “que ela se torna grande” pelo jogo. Pelo jogo ela
desenvolve as possibilidades que emergem de sua estrutura particular,
concretiza as potencialidades virtuais que afloram sucessivamente à superfície
de seu ser, assimila-as e as desenvolve, une-as e as combina, coordena seu ser
e lhe dá vigor.
Então,
como transformar o jogo infantil em recurso pedagógico, de construção de
conhecimento pelas crianças e como instrumento de organização autônomo e
independente das mesmas?
Esperamos
que o jogo seja incorporado no currículo como um todo, e as questões colocadas
no seu desenrolar possam fazer parte de pesquisas desenvolvidas em atividades
dirigidas pelas crianças, ampliadas através de passeios, observação da
natureza, projeção de vídeos, escuta de música, leituras etc.
Entre
os psicólogos, Gross foi o primeiro a insistir no papel do jogo como
pré-exercício. É muito claro que o jogo exercita não apenas os músculos, mas a
inteligência; dá flexibilidade e vigor,
e igualmente, proporciona o domínio de si. Ele educa mesmo os
sentimentos; há jogos para não se ter medo, e os que consistem em imitar os
próprios sentimentos da vida humana.
A
atividade lúdica exerce grande influência no desenvolvimento social da criança
e esta, quando brinca, tonifica seus prazeres e torna sua vivência mais feliz.
III- Conclusão
A
criança adquire experiência brincando. A brincadeira é uma parcela importante
da sua vida.
A
brincadeira fornece uma organização para a iniciação de relações emocionais e
assim propicia o desenvolvimento de contatos sociais.
Portanto,
as brincadeiras servem de elo entre, por um lado, a relação do indivíduo com a
realidade interior, e, por outro lado, a relação do indivíduo com a realidade
externa ou compartilhada.
IV- Bibliografia
- Winnicott, D. W. – A criança e o seu mundo
- Rodrigues, Marlene – Psicologia
Educacional-Uma crônica do desenvolvimento humano
- França, Gisela W. – O papel do jogo na
educação das crianças
- Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil
- Revistas Nova Escola
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